segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Nenhuma informação é completa


Uma das lições da cartilha da semiótica é a seguinte: nenhuma informação é completa. Isso é característica de todo signo, que fica sempre em dívida com aquilo que ele representa.

Primeiro porque a própria realidade vai ficando cada vez mais complexa, e os signos vão crescendo, sem nunca dar conta de tudo. Assim, nessa era transmidiática que o Jenkins defende –? pensamento com o qual eu concordo –, cada mídia difunde às vezes uma mesma informação dentro do formato que cada uma delas permite.

Por exemplo: o jornalista escreve uma matéria e depois vê que faltou isso ou aquilo. Ou mesmo um livro, que depois de pronto o escritor pode se deparar com alguma outra obra que ele não consultou e concluir que faltam muitas coisas a dizer. Ou seja, essa é a natureza dos signos [a incompletude], por isso eles crescem.

É o que vemos acontecer hoje. E que maravilha a gente poder escolher em meio a essa multiplicidade de opções, não? O grande drama é que ainda existem pessoas que não têm acesso a muitos desses meios, o que não resulta necessariamente da falta do equipamento, que está ficando cada vez mais barato, mas se deve à carência de competências mais profundas. Por isso, não adianta simplesmente distribuir computadores pelas escolas.

O necessário é o desenvolvimento da competência que, hoje, não é somente alfabética, mas é semiótica. Quando entramos na rede e começamos a navegar, transitamos por fluxos de signos para signos, uns diferentes dos outros. O texto é um tipo de signo entre uma multiplicidade de outros.

Nos anos de 1960, Darcy Ribeiro escreveu um artigo que se chamava Sobre o óbvio. Ele terminou esse texto dizendo que, no ano 2000, o nosso país seria visitado pelo mundo inteiro porque aqui haveria algo muito exótico, não as nossas florestas, rios e mares, mas sim algo que no mundo inteiro, provavelmente, teria desaparecido: o analfabeto. Enfim, é um drama. Tantas mídias foram inventadas e nós ainda não conseguimos vencer esse problema endêmico.

“(...) cada mídia difunde às vezes uma mesma informação dentro do formato que cada uma delas permite (...). E que maravilha a gente poder escolher em meio a essa multiplicidade de opções, não? O grande drama é que ainda existem pessoas que não têm acesso a muitos desses meios”

Texto extraído do site:www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link...

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