quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A comunicação é significativa, porque só assim se reveste de algum sentido.

Os signos (unidades de representação), de que são feitos a matéria significante (aspecto sensível) e o valor significado de todo o processo de comunicação, acham-se reunidos em códigos, cujo uso regrado (a codificação) permite a elaboração de mensagens.

Codificar quer dizer imprimir uma ordenação a alguma coisa, organizar algo de determinado modo. O código é de propriedade coletiva e uso individual, por envolver significações (estruturações de signos) que são criadas, validadas e partilhadas em meio social e no interior dos quadros mentais definidos por uma cultura.

Um codificador designa um sistema produtor de informação.

A mensagem (aquilo que é enviado) somente existe e vale como tal quando se deixa perceber (em decodificação e por reconhecimento) como objeto próprio. Quanto à linguagem, em suas múltiplas acepções, pode ser aqui considerada um instrumento ao qual o ser humano recorre para conferir a existência e imprimir objetividade a suas idéias, desejos, pensamentos e experiências. A sentida necessidade de fazer aparecer uma expressão (como ocorre com a arte) e multiplicar as situações de comunicação (a interação cotidiana) é responsável pela criação ou pelo aperfeiçoamento das linguagens, em cuja constituição sobressaem dois aspectos: o primeiro, de caráter sistemático, formado pelo código; o outro, de natureza variável, representado pela mensagem.

Extraído do Livro: Teorias da Comunicação – O pensamento e a prática da Comunicação Social - Autores: Ilana Polistchuk e Aluizio Ramos Trinta

Um exemplo ilustrativo: Antes que comece a ler o texto abaixo, já vou logo pedindo desculpas, mas achei tão interessante que resolvi publicar mesmo assim. Afinal, fale bem ou fale mal, mas fale de mim...

O direito ao Foda-se
by Millôr Fernandes

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Não? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.
Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. "Prá caralho", por exemplo.
Qual expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade do que "Prá caralho"? "Prá caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas Prá caralho, o Sol é quente Prá caralho, o universo é antigo Prá caralho, eu gosto de cerveja Prá caralho, entende?
No gênero do "Prá caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" é tampouco nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem.
O "Nem fodendo!" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro prá ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Danielzinho, presta atençao, filho querido, NEM FODENDO!".
O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PHD porra nenhuma!" ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos "aspone","chepone", "repone" e mais recentemente o "prepone" - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou seu correlato"Pu-ta-que-o-pa-riu!!!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoe a camisa e saia na rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".
Liberdade, igualdade, fraternidade e F O D A - S E!

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