Lendo o Livro Histórias das teorias da comunicação de Armand e Michéle Mattelart encontrei um texto bem interessante sobre o famoso semiótico e matemático Charles Sanders Peirce e resolvi compartilhar o texto com vocês.
Charles S. Peirce, fundador do pragmatismo e da semiótica
Lógico e matemático, Peirce (1839 - 1914) utiliza o pragmatismo como um método de clarificação conceitual para lançar as bases de uma teoria dos signos, ou semiótica. Emperismo radical, o método pragmatista tem ojeriza às abstrações. Sua desconfiança em relação às verdades universais o faz privilegiar uma visão concreta das coisas. Mas, paradoxalmente, a obra de Peirce continua sendo de uma abstração terrível.
“Um signo ou representamen é algo que representa a alguém alguma coisa por qualquer relação de qualquer maneira”. TUDO É SIGNO. O universo é um imenso representamen. Daí deriva, aliás, em Peirce, certa vagueza na definição do conceito de signo, pois para defini-lo seria preciso poder distinguir o que é signo do que não o é. Daí também certa dificuldade em delimitar o campo disciplinar da semiótica. “todo o pensamento se dá em signos”. Pensar é manipular signos. O pragmatismo não é “nada mais, senão uma regra para estabelecer o sentido das palavras”. Paralelamente, a lógica é definida como semiótica.
Todo o processo semiótico (semiosis) é uma relação entre três componentes: o signo propriamente dito, o objeto representado e o intérprete.
“O signo”, diz Peirce, “dirige-se a algupem, ou seja, cria no espírito do indivíduo um signo equivalente ou talvez mais desenvolvido. A tal signo, por ele criado, denomino intérprete do primeiro signo”. Tal relação é designada como “triádica”. Uma significação não é jamais uma relação entre um signo e o que o signo significa (seu objeto). A significação resulta da relação triádica. Nela, o intérprete possui um papel mediador, de informação, interpretação ou ainda tradução de um signo em outro signo.
Há, segundo Peirce, três tipos de signo : ícone o índice (ou índex) e o símbolo. O primeiro assemelha-se a seu objeto como um modelo ou um mapa. É um signo que possuiria o caráter que o torna significante, mesmo que seu objeto não tivesse existência, assim como um risco de lápis representa uma linha geométrica.
O índice é um signo que perderia tudo o que faz dele um signo se seu objeto fosse retirado, porém não perderia tal caráter se não houvesse intérprete.
Exemplo: uma placa com a marca de um impacto de bala como signo de um tiro. Pois sem o tiro não haveria impacto. Mas houve efetivamente um impacto, tenha ou não tido alguém a idéia de atribuí-lo a um tiro.
O símbolo é um signo convencionalmente associado a seu objeto, assim como as palavras ou sinais de tráfego. Perderia o caráter que faz dele um símbolo se não houvesse intérprete. Nessa perspectiva, o pensamento ou o conhecimento consiste numa rede de signos capazes de se autoproduzir ad infinitum.
Abaixo seguem sugestões de algumas obras.
Sobre a introdução do pensamento de Peirce na França, ver Deledalle (1983); Tiercelin (1993);
Sobre sua aplicação aos estudo da mídia, Eco (1976); Verón (1987); Bougnoux (1987, 1993).
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