terça-feira, 13 de março de 2018

Gêneros textuais, tipificação e interação – Parte 1


O post de hoje, é baseado na coletânea de textos do linguista norte-americano Charles Bazerman. A intenção é oxigenar nossas reflexões teóricas e auxiliar na atividade de ensino no que diz respeito aos gêneros textuais.
Por se tratar de ensaios que trabalham com um conjunto de gêneros e estes oferecem uma rica e sólida base para análises com uma visão menos limitada e mais dinâmica da tipificação, vamos dividir esse resumo do livro em cinco partes.
A primeira parte é a que Bazerman diz que essa coletânea de textos é mais do que um estudo de gênero em si, é um estudo da circulação de discursos e da inovação dos formatos dessa circulação, em termos de meios, canais, modos retóricos e tipificação. Sua convicção central é quanto ao uso de textos, onde ele reflete que “não apenas organizamos nossas ações diárias, como também criamos significações e fatos sociais num processo interativo tipificado num sistema de atividades que encadeia significativamente as ações discursivas”. Pareceu confuso!? Senta aí que a conversa é longa.
Charles Bazerman se interessa pelo aspecto sociopolítico envolvido nas formas textuais típicas que comandam nossas ações diárias. E não é gratuitamente que faz longas análises do formulário de declaração do imposto de renda norte-americano, tendo em vista a extensa rede de gêneros interligados e a intertextualidade que esse gênero envolve para a vida do cidadão.
Bazerman é taxativo em seu primeiro ensaio desta coletânea ao postular que “a definição de gêneros como apenas um conjunto de traços textuais ignora o papel dos indivíduos no uso e na construção de sentidos”. Pois a ideia de que os gêneros são formas típicas prontas para uso “ignora as diferenças de percepção e compreensão, o uso criativo da comunicação para satisfazer novas necessidades percebidas em novas circunstâncias e a mudança no modo de compreender o gênero com o decorrer do tempo”.
O gênero é uma categoria essencialmente sócio histórica sempre em mudança.
Resumindo grosseiramente, gêneros são tipificações dinâmicas, interativas e históricas, o que permite o autor postular a tese várias vezes repetida em seus ensaios e reunidas neste livro organizado por Angela Paiva Dionisio e Judith Chambliss Hoffnagel: “Podemos chegar a uma compreensão mais profunda de gêneros se os compreendermos como fenômenos de reconhecimento psicossocial que são parte de processos de atividades socialmente organizadas”.
Para o autor, gêneros são fatos sociais emergentes na atividade de compreensão intersubjetiva em situações típicas em que se deve coordenar atividades e compartilhar significados, tendo em vista propósitos práticos.
Ficou interessado? Então aguarde a 2ª parte onde abordaremos o conjunto de gêneros e os sistemas de gêneros e seus exemplos práticos!

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